5 conselhos para melhorar o condicionamento acústico em hospitais

Está demonstrado cientificamente que é possível melhorar e otimizar o condicionamento acústico em instalações sanitárias e, ao mesmo tempo, cumprir os elevados requisitos de higiene e manutenção existentes neste tipo de espaços. Desta forma, a melhoria acústica produz um efeito positivo na saúde e recuperação dos pacientes, bem como no bem-estar dos trabalhadores. Mas, como melhorar o ambiente sonoro? Para além de ser necessário o assessoramento de um engenheiro acústico, apresentamos em seguida cinco conselhos básicos a considerar no desenho acústico em hospitais:

1. Desenho [irregular] do quarto, imitando a natureza.

Para melhorar o conforto acústico de um hospital, basta “apenas” imitar a natureza e o ambiente exterior onde o nosso sistema auditivo se desenvolveu ao longo de milhares de anos. Na natureza quase nunca encontramos superfícies retas, refletoras e paralelas que reflitam repetidamente as ondas sonoras através de um espaço e produzam ruídos incómodos.

Sempre que possível, é preferível que o desenho do espaço seja irregular, não só as salas, mas também os balcões convexos que distribuem o som em diferentes direções, prateleiras, vidros inclinados, etc. Os corredores dos hospitais, habitualmente compridos, unem departamentos ou fazem parte das salas dos pacientes e a sua geometria permite a propagação do som. É habitual “quase entender” as conversas que estão a acontecer e até mesmo ser ouvinte passivo de uma conversa a 15 metros de distância, o que aumenta o nível de ruído do hospital.

Para imitar o ambiente natural mencionado anteriormente, é possível utilizar tetos acústicos e painéis de parede absorventes e laváveis para reduzir o nível de ruído nos corredores. Os motivos impressos podem ser de imagens da natureza, para aumentar a sensação de calma e segurança dos pacientes.

2. Reduzir o ruído de instalações

Os elevados níveis de ruído nos quartos e espaços dos hospitais são um problema constante para os pacientes. É necessário identificar qualquer fonte de ruído excessivo (carrinhos de comida, abridores de porta automáticos, telefones, camas, alarmes, pagers, etc.) para o poder reduzir na medida do possível. Embora seja necessário ouvir os alarmes acima do ruído de fundo, também é possível estabelecer requisitos para os níveis de ruído ao adquirir esse equipamento. Seria viável que o som do alarme aumentasse de forma gradual? É possível, em certos casos, utilizar um sistema de alarme que não seja sonoro?

3. Aumentar a distância entre o paciente e a fonte de ruído

A audição é um sentido que nunca descansa. Como o cérebro processa os sinais de ruído de forma constante, a qualidade e quantidade do sono são fundamentais para uma boa recuperação. No desenho e configuração de uma instalação sanitária é muito importante ter em consideração a distância entre os equipamentos ruidosos e os pacientes, para que seja a máxima possível. Igualmente, o pessoal sanitário deve ser consciente da vulnerabilidade do paciente, que está fora da sua zona de conforto. Por exemplo, abrir uma embalagem esterilizada pode produzir um ruído de 70 dB pelo que seria conveniente fazê-lo longe da cama do paciente.

4. Painéis entre pacientes

Ouvir as conversas de outros pacientes, os ronquidos e as queixas são alguns exemplos de ruídos incómodos. É uma das recordações mais desagradáveis das pessoas que estiveram hospitalizadas. A utilização de painéis de absorção de som adequados e móveis entre os pacientes, talvez com uma parte superior transparente para que o pessoal sanitário possa ver sempre os pacientes, poderia minimizar este aspeto.

5. Tetos e absorventes de parede que cumprem as normas de higiene

Os blocos operatórios são habitualmente ruidosos, especialmente durante tratamentos ou operações ortopédicas que requerem a utilização de instrumentos como brocas e serras.

Ao mesmo tempo, para que estas atividades sejam bem-sucedidas, a comunicação deve ser clara e inteligível. Os blocos operatórios têm habitualmente pavimentos, paredes e tetos nus e facilmente laváveis, feitos de materiais duros, que contribuem para altos níveis de ruído e reverberação. No entanto, existem tetos acústicos e painéis de parede absorventes, laváveis e desinfetáveis, que cumprem as normas de higiene necessárias e contribuem para melhorar o conforto acústico nos hospitais, melhorando a qualidade de vida do pessoal e facilitando a recuperação dos pacientes.

Por outras palavras, é importante instalar um "céu" acústico (sob a forma de um teto de absorção classe A) e "paredes laterais abertas" para que o som possa escapar para os lados (através de painéis de parede absorventes), de modo a reduzir os níveis globais de ruído, melhorar a clareza da fala, reduzir a propagação do som e, por fim, reproduzir o melhor possível o ambiente exterior em que o nosso sistema auditivo foi desenvolvido. Só desta forma poderemos proporcionar conforto acústico às pessoas (pessoal e pacientes) dentro das instalações de saúde que desenhamos.

 

Juan Negreira, Doutor em engenharia acústica, Concept Developer (Saint-Gobain Ecophon Espanha); Mai-Britt Beldam, Concept Developer Healthcare Environments (Saint-Gobain Ecophon Suécia)